O advogado Tiago Banca e o engenheiro agrónomo Sanhá Correia, ambos naturais das ilhas Bijagós, acreditam que o turismo e a publicidade à Guiné-Bissau serão reforçados com o reconhecimento pela UNESCO do arquipélago como Património Mundial Natural.
As ilhas, consideradas um tesouro natural e cultural, fazem parte da lista de 32 sítios de todo o mundo candidatos a Património Mundial, que vão conhecer a decisão da UNESCO, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, na próxima sexta-feira, 11 de julho, em França.
Os dois técnicos reagiram, a pedido da Lusa, ao reconhecimento que deverá ser anunciado no próximo dia 11, em Paris, França, e que ambos afirmam ser “marco importante” na vida dos povos das ilhas Bijagós e do próprio país.
“Com esse reconhecimento o arquipélago passa a ser um forte destino turístico mundial, devido à beleza natural das ilhas, por um lado, e, por outro lado, passa a ter mais divulgação a nível da media, algo que trará benefícios para o nosso turismo nacional”, defendeu o advogado Tiago Banca.
Filho de pais oriundos das ilhas de Bubaque e Canhabaque, Banca só lamenta que o arquipélago ainda esteja confrontado com “tantas dificuldades”, nomeadamente falta de meios de transporte de ligação, de infraestruturas condignas e água potável.
Tiago Banca vive e trabalha em Bissau, mas regularmente desloca-se às ilhas Bijagós para descansar ou visitar os familiares.
Engenheiro agrónomo, Sanhá João Correia é um ativista pela conservação dos recursos naturais e do meio ambiente, que tenta, há largos anos, levar a mensagem da preservação em nome da Organização Não Governamental (ONG) Tiniguena.
Filho de pais originários das ilhas de Canhabaque e Galinhas, Sanhá Correia disse à Lusa que leva a mensagem da conservação a todas as 23 ilhas habitadas do arquipélago dos Bijagós.
Sanhá, como é vulgarmente conhecido, já não sabe ao certo a que ilha pertence, apenas tem consciência de que o reconhecimento da UNESCO vai ajudar a divulgar a mensagem da Tiniguena sobre a importância da conservação em todo o arquipélago.
“Sendo um técnico que trabalha nas ilhas Bijagós no âmbito da conservação e desenvolvimento comunitário, essa decisão vai impactar bastante porque vai ajudar a reforçar a capacidade do nosso trabalho, vai também permitir as informações chegarem mais longe”, afirmou o engenheiro agrónomo.
Sanhá Correia acredita que o reconhecimento da UNESCO vai permitir que se conheça melhor as ilhas Bijagós a nível mundial, mas também fará com que as organizações que trabalham na conservação dos recursos da pesca, por exemplo, tenham mais apoios contra os pescadores clandestinos.
Correia aponta para os pescadores de países vizinhos da Guiné-Bissau que invadem as zonas protegidas, onde a pesca é limitada, com as suas embarcações, isto é, desrespeitando as regras de pesca nesses locais.
Sanhá Correia vive e trabalha nas ilhas, mas regularmente desloca-se a Bissau para comprar víveres e receber orientações da Tiniguena sobre como sensibilizar as populações para a conservação.
As Bijagós são consideradas um tesouro natural e cultural da Guiné-Bissau, ainda pouco conhecidas do turismo internacional.
Com 'resorts' em algumas das 88 ilhas e ilhéus, a dinâmica turística existente é sustentada, sobretudo, por expatriados de organizações internacionais a trabalhar na Guiné-Bissau.
A pesca desportiva é outro dos atrativos das ilhas, com maior procura de pescadores franceses e de paises francófonos.
Além das praias atlânticas, são também chamativos das Bijagós a desova das tarturas, em novembro, ou os hipopótamos na biodiversidade dos três parques naturais das ilhas e que são o centro da candidatura a Património Mundial, concretamente Poilão, João Vieira e Orango.
A cultura do povo Bijagó, com o seu modo de vida tribal, em comunhão com a natureza, distingue também as ilhas guineenses e é valorizada na candidatura a Património Mundial.
As ilhas, consideradas um tesouro natural e cultural, fazem parte da lista de 32 sítios de todo o mundo candidatos a Património Mundial, que vão conhecer a decisão da UNESCO, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, na próxima sexta-feira, 11 de julho, em França.
A 47.ª reunião do Comité do Património Mundial decorre até 16 de julho, na sede da UNESCO em Paris, França.
A Semana com Lusa
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