A Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) denunciou esta segunda-feira, 28 de Julho, em conferência de imprensa em Bissau, “uma escalada intolerável de violência institucionalizada” na Guiné-Bissau, marcada por perseguições sistemáticas, detenções arbitrárias, tortura, agressões a jornalistas e, mais recentemente, a alegada execução sumária de Mamadu Tanu Bari, agente de segurança afecto à Presidência da República.
A Liga considera que esta morte brutal se insere "num contexto de perseguições sistemáticas, detenções arbitrárias e um clima cada vez mais sufocante de repressão”, responsabilizando directamente o Estado-Maior General das Forças Armadas pela falta de esclarecimentos e pela manutenção de um silêncio institucional que configura, segundo a organização, uma “violação flagrante dos princípios da transparência e da legalidade administrativa, comprometendo gravemente a confiança pública nas instituições democráticas”.
Segundo a Liga Guineense dos Direitos Humanos, o corpo de Mamadu Tanu Bari foi encontrado no dia 23 de Julho, na zona de João Landim, terá sido identificado pela família pelas roupas e calçado que vestia.
De acordo com o comunicado lido em conferência de imprensa, Tanu Bari foi forçado a fugir do país após um assalto violento à casa do seu irmão, Tcherno Bari, a 21 de Junho. Refugiou-se em Lisboa, temeu pela sua vida e integridade física. No entanto, terá regressado discretamente à Guiné-Bissau no dia 19 de Julho e, após um breve contacto telefónico com familiares, desapareceu sem deixar rasto. Dias depois, pescadores encontraram o corpo que viria a ser reconhecido como o seu.
A Liga considera que esta morte brutal se insere "num contexto de perseguições sistemáticas, detenções arbitrárias e um clima cada vez mais sufocante de repressão”, responsabilizando directamente o Estado-Maior General das Forças Armadas pela falta de esclarecimentos e pela manutenção de um silêncio institucional que configura, segundo a organização, uma “violação flagrante dos princípios da transparência e da legalidade administrativa, comprometendo gravemente a confiança pública nas instituições democráticas”.
Durante a mesma conferência, a LGDH condenou com veemência a agressão violenta sofrida pelo jornalista Waldir Araújo, correspondente da RTP-África em Bissau, na madrugada de 27 de Julho. O jornalista terá sido atacado por indivíduos não identificados, num acto que a Liga Guineense dos Direitos Humanos descreveu como “um atentado cobarde à liberdade de expressão e ao direito à informação”.
No mesmo comunicado, a Liga lembra que o irmão de Tanu Bari, Tcherno Bari, antigo chefe de segurança da Presidência da República, se encontra ilegalmente detido nas instalações do Estado-Maior General das Forças Armadas desde o dia 22 de Junho, sem qualquer acusação formal nem apresentação a uma autoridade judicial.
A situação insere-se no que a organização classifica como o “Caso Tcheminho”, no qual cerca de uma dezena de militares afectos à segurança presidencial se encontram igualmente detidos, alguns em condições desumanas e sem base legal conhecida, violando a Constituição e os princípios fundamentais do Estado de Direito.
A Liga Guineense dos Direitos Humanos denuncia ainda a detenção de outros oito cidadãos civis nas instalações do Ministério do Interior, entre os quais Ussumane Baldé, Braima Baldé, Malam Djassi, Adriano Lopes, Braima Conté, Eduardino Espencer, Braima Daramé e Ubambo Nanque “de forma arbitrária e em condições desumanas”, em total opacidade e à margem de qualquer procedimento legal.
Perante a gravidade do quadro que descreve, a Liga Guineense dos Direitos Humanos apela à comunidade nacional e internacional para que se mobilize na defesa dos direitos humanos na Guiné-Bissau, reiterando “a inabalável e irrevogável determinação em prosseguir, de forma intransigente e implacável, na salvaguarda dos direitos humanos e dos princípios estruturantes que consagram e garantem a supremacia do Estado de Direito”.
A Semana com RFI
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