segunda-feira, 16 junho 2025

Governo cabo-verdiano defende integração de imigrantes face a défice de mão-de-obra

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O ministro cabo-verdiano com a pasta do Desenvolvimento Social defendeu, na terça-feira, que o arquipélago deve preparar-se para receber imigrantes, numa altura em que setores de atividades fundamentais sofrem com falta de mão-de-obra.

 

“O compromisso de garantirmos uma mobilidade segura, ordeira e sustentável passa por conhecermos melhor este fenómeno e integrá-lo nas nossas políticas públicas”, acrescentou, apontado o caso da imigração oriunda da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

 

“Está claro, hoje, para todos: Cabo Verde está com um défice de mão-de-obra em vários setores fundamentais”, tais como “a construção civil e agricultura”, que “já estão a dar sinais claros neste sentido”, referiu Elísio Freire, ministro de Estado, da Família, Inclusão e Desenvolvimento Social de Cabo Verde.

O governante discursava numa conferência sobre mobilidade climática, promovida pela Presidência da República.

O país tem de se preparar para receber cidadãos de outros países que procuram o nosso para trabalhar, que eventualmente venham movidos pela alterações climáticas, mas que Cabo Verde tem de estar em condições de receber”, referiu, num excerto transmitido pela televisão pública.

Elísio Freire considerou “fundamental” que o arquipélago tenha “uma capacidade [de acolhimento] que o III Plano Nacional de Imigração” tem dado ao país, “conjugado com a recente Diretiva de Ação para a Migração Laboral e o Recrutamento Ético” – instrumentos do Governo que devem servir como “bússolas de ação do Estado de Cabo Verde”.

Numa nota publicada no portal do Governo, o ministro apontou que os próprios cabo-verdianos “são historicamente migrantes climáticos”, que a aridez do território e a escassez de recursos naturais têm impulsionado “para fluxos migratórios à procura de melhores condições de vida”.

“O compromisso de garantirmos uma mobilidade segura, ordeira e sustentável passa por conhecermos melhor este fenómeno e integrá-lo nas nossas políticas públicas”, acrescentou, apontado o caso da imigração oriunda da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

A falta de mão-de-obra nalguns setores e as migrações têm sido temas de debate recorrente em Cabo Verde.

O chefe de Estado, José Maria Neves, alertou no início do ano para a saída de cabo-verdianos do arquipélago, apelando à necessidade de análise dos impactos.

"É importante que face a esta saída tenhamos inteligência para analisar os impactos no tecido económico, na produtividade, competitividade da nossa economia, na vida das nossas universidades e comunidades", afirmou, em janeiro.

Sociólogos cabo-verdianos ouvidos pela Lusa, na altura, consideraram um risco para o arquipélago haver cada vez mais pessoas a pensar em emigrar, segundo o mais recente inquérito dedicado ao tema, apelando a uma gestão cuidada com Portugal.

Em dezembro, um estudo da Afrosondagem indicou que 64% dos cabo-verdianos (dois em cada três) já consideraram emigrar, mais sete pontos percentuais que no último inquérito, sete anos antes.

A procura de emprego é o principal motivo para os cabo-verdianos ponderarem outras paragens, sendo Portugal um dos destinos mais procurados.

A Semana com Lusa

Jacob Vincente
Discursos de Inclusão, Práticas de Exclusão — A Esquizofrenia Migratória Cabo-Verdiana
Epá… esta notícia é o perfeito exemplo de como se tenta varrer a porcaria para debaixo do tapete enquanto se acende uma vela à hipocrisia institucional. O Governo a falar em "mobilidade segura, ordeira e sustentável", quando a realidade nos aeroportos é um festival de humilhação, xenofobia institucionaliz ada e racismo encoberto pela legalidade.

Como é que se pode defender “integração de imigrantes” quando o DEF anda a recusar a entrada de africanos à porta do país, mesmo com passaportes válidos, reservas de hotel, cartões de crédito e tudo em ordem? O que se está a ver nas fronteiras é a negação prática de tudo o que o ministro agora vem pregar com voz de padre em conferência financiada por ONGs.

Então afinal os nigerianos, malianos, guineenses e camaroneses só são bem-vindos se forem tijolo com pernas e não tiverem passaporte? Se forem para andar de balde na mão e enxada ao ombro está tudo bem, mas se entram num aeroporto com mochila às costas e algum dinheiro no bolso, já viram criminosos em potência? Hipocrisia no nível máximo !

Sim, emigrámos por fome, seca e miséria. Mas agora, que outros africanos fogem dos mesmos males, fazemos de conta que somos Suécia e exigimos comprovativos bancários, alojamentos pagos e garantias de sustento a quem vem com a esperança na mão. Isto é a negação da nossa história migratória, e um insulto a quem foi barrado por ter a pele escura no próprio continente.

Este discurso é uma farsa. Uma tentativa de remendar uma imagem internacional manchada pela atuação vergonhosa da DEF nos aeroportos. Querem parecer civilizados e progressistas para os relatórios das Nações Unidas, mas na prática são cúmplices de um sistema racista e desigual que marginaliza os seus próprios irmãos africanos.

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Liketerra
Mão obra estrangeira
Aplaudir esse pensar do governo não obstante um pouco tardio face às consequências que o sector da construção tem sofrido.
Mas meus senhores, antes de se abrir as portas de forma escancarada, sem discriminar ninguém, vamos deixar, sem intervenção política (aqui digo dos Srs De******dos) que os organismos do Estado e vocacionados nomeadamente a Serviços de Fronteiras, a polícia Nacional , a PJ, tenham, no âmbito das suas funções, exercer aquilo que melhor serve os interesses do País.
Foi, sem duvida, lamentável, a recente tomada de posições políticas, aquando de uma muito e muito correcta intervenção da nossa Polícia, na Ilha do Sal.
Senhores políticos, cada galo no seu. Relembrar que este País não é gerido e assegurado apenas pelos políticos. Felizmente
Se contenham e deixem essa apreciada nossa Polícia fazer aquilo que sabem e bem.
Viva o Estado de Direito

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