Os moradores de Achada António, na Praia, estão revoltados com o “total abandono e o silêncio” das autoridades em relação ao Campo Marconi que vem constituindo uma “forte ameaça” à segurança e à saúde pública.
Durante uma visita ao local, a Inforpress constatou o estado geral de abandono que se encontra este espaço há mais de uma década e objeto de controvérsias devido a problemas de gestão urbana e alegadas irregularidades na sua alienação a uma empresa.
Moradores ouvidos pela Agência Inforpress mostraram-se profundamente “revoltados e indignados” com o “silêncio das autoridades” e o estado de degradação do local que caracterizam como sendo uma autêntica “lixeira a céu aberto”.
O antigo futebolista Joaquim Rodrigues, mais conhecido por “Djack”, considera “grave” o estado em que se encontra o Campo de Marconi, “14 anos parado, sem ser feito nada, uma lixeira”.
Considera inadmissível que as autoridades municipais e centrais continuem a ignorar e a não fazer nada, ano após anos. Também entende que poderia ser aproveitado para construção de um polidesportivo que ajudaria os jovens a ocuparem os seus tempos livres e a sair de delinquências.
Por sua vez, Lúcia Pires, considera a situação um atentado à saúde pública.
” As pessoas entram no local e fazem as suas necessidades fisiológicas à luz do dia. O cheiro nauseabundo incomoda a todos que por aqui vivem e circulam”, criticou.
Acrescenta ainda que a iluminação no local é precária, constituindo um perigo para a segurança das pessoas que por ali circulam.
“As pessoas têm medo de circular à noite neste local”, desabafa.
A moradora disse que tem procurado a Câmara Municipal da Praia (CMP) no sentido de a autarquia tomar alguma medida, mas sem sucesso.
Entende também que como está não pode ficar.
” O projecto inicial deve ser retomado, o espaço caso contrário deverá ser devolvido ao município”, argumentou.
O jovem Léo dos Santos contou que o espaço era um local onde a maioria dos jovens tchadenses e dos bairros próximos praticavam o futebol, mas que de repente vedaram o espaço para edificar um polivalente e que até agora não fizeram nada, sendo utilizado continuamente para deitar os lixos.
Sugeriu que se deveria aproveitar o espaço para reabilitar e construir alguma estrutura que beneficiasse os jovens.
Para o presidente da Associação Kelém, Gerson Pereira, esta é uma situação “lamentável, vergonhosa e uma falta de respeito” para com a população de Achada Santo António, o bairro mais populoso da capital, que já perdura há mais de uma década.
“Tem sido um espaço utilizado para depositar lixo e para fazer necessidades fisiológicas. Já fizemos uma campanha neste local, no ano passado, e recolhemos muito lixo. É preciso uma intervenção urgente das autoridades sanitárias, da CMP, sobretudo, nesta época de muito calor e aproximação das chuvas”, apelou.
Afirmou que neste momento, Achada Santo António dispõe de um único campo para a prática desportiva, o campo de Sucupira.
Lembrou que o bairro já foi referência na capital a nível de talentos desportivos, mas que hoje já não acontece por “falta de oportunidades e de infraestruturas desportivas”.
O dirigente associativo afirmou terem já reunido com o actual presidente da Câmara Municipal da Praia, mas este não conseguiu explicar de uma forma clara a real situação do Campo de Marconi.
Anunciou que brevemente vão organizar uma manifestação, convocando todas as forças vivas do bairro, moradores, desportistas, associações, para manifestar o seu descontentamento com esta situação e chamar a atenção das autoridades.
Defende que ali poderia ser construído um pavilhão desportivo e um edifício multiuso, que muito serviria à toda população praiense.
A Inforpress tentou, sem sucesso, contactar a autarquia.
A Semana com Inforpress
Campo Marconi: 14 Anos de Vergonha e Desprezo por Achada Santo António
Desculpem o desabafo, mas não consigo ficar calado. Já não dá. O que estão a fazer com o Campo Marconi é uma vergonha. Uma falta de respeito. Um escarro na cara de quem vive, trabalha e luta todos os dias em Achada Santo António.Fui lá ver com os meus próprios olhos. Aquilo não é só abandono. Aquilo é um atentado à saúde pública, à dignidade do bairro e ao futuro dos nossos jovens. Um espaço que devia servir para a prática desportiva, para unir a comunidade, para dar alternativas — está há 14 anos parado, transformado numa lixeira, num esgoto a céu aberto. E ninguém faz nada.
Pior: ninguém sequer diz nada. Câmara Municipal da Praia, Governo — onde é que vocês andam?!
Não têm vergonha? Não têm filhos, sobrinhos, irmãos? Não sentem nada ao ver jovens sem espaços, sem oportunidades, sem futuro? Ou será que só se mexem quando é para inaugurar estátuas e posar para a foto?
O mais triste é que nós já falámos, já pedimos, já reunimos, já explicámos — e mesmo assim ignoram-nos. Jogam com o tempo, com o silêncio, com a paciência de um povo que está cada vez mais cansado. Mas atenção: a paciência tem limite.
E depois querem vir com discursos sobre juventude, segurança, desporto, inclusão. Hipocrisia pura. Vocês falharam. Estão a falhar. E vão continuar a falhar se não forem responsabilizad os. Achada Santo António não é terra de ninguém. Merecemos respeito. E se não nos dão, vamos buscá-lo.
E sim: mando mesmo a Câmara e o Governo para a ****** que os pariu. Porque isto não é política — isto é abandono institucionaliz ado. E já chega.
Terms & Conditions
Report
My comments