A edição deste ano das festividades do Dia do Município e da Bandeira de São Filipe foi concluída na madrugada de hoje com um balanço considerado “positivo” pelos organizadores e pelas autoridades.

A programação, que se estendeu por mais de uma semana, entre 19 de Abril e 01 de Maio, incluiu actividades desportivas, culturais, feiras e espetáculos musicais, com foco na “diversidade e inclusão de todos”.

Paulo Brandão, da Fogo Entertainment, promotora de eventos no Presídio, disse que o objectivo principal foi alcançado, nomeadamente fazer “uma grande festa” que agradasse tanto aos jovens como às pessoas mais idosas.

Apesar da satisfação geral, Paulo Brandão aponta “desafios crescentes”, como as críticas nas redes sociais e as expectativas do público em relação à presença de artistas internacionais.

Segundo a mesma fonte, “é complicado” agradar a todos, porque há uma “perturbação durante 24 horas/dia”, que é a rede social, onde todo mundo acha que é “especialista em tudo”, inclusive na realização de eventos. 

“As pessoas querem ver nomes internacionais, o que não é viável economicamente para a nossa realidade”, explicou Paulo Brandão, que sublinhou que a organização apostou em trazer “grandes artistas”, muitos deles pela primeira vez ao Fogo, e oferecer shows completos de uma hora ou mais.

Segundo o mesmo, é necessário pensar num espaço com capacidade para mais pessoas, em que o bilhete seria mais barato, mas também com mais participação de patrocinadores e “mais forte” da câmara municipal, porque se um evento for 100 por cento (%) privado não é um evento viável.

O organizador apontou para a necessidade de repensar o local do evento, já que o Presídio tem capacidade limitada, cerca de 2.700 pessoas, e o número de participantes no espaço tem vindo a diminuir em quase 50% em relação aos anos de pré-pandemia. 

Outro desafio é o hábito de o público chegar ao local do evento apenas após a uma da madrugada, mesmo com ingressos vendidos antecipadamente.

“Tentamos ajustar o espetáculo com artistas de maior performance no início, mas ainda assim o fluxo só aumenta depois das 02:30”, lamentou Paulo Brandão, que referiu que a organização do festival tinha tudo pronto para arrancar às 23:00 como programado.

Este defendeu a necessidade de se pensar num novo espaço que permita preços de bilhetes “mais acessíveis e atrair mais patrocinadores”, ou então um apoio “mais forte” da câmara municipal.

Do lado da autarquia, a vereadora da Cultura, Lia Barbosa, reafirmou o “êxito” da edição 2025 das festas do Dia do Município e da Bandeira de São Filipe e sublinhou que toda a programação prevista foi cumprida.

“Desde as actividades desportivas iniciadas a 10 de Abril, passando pelas inaugurações e até o palco alternativo no Alto São Pedro, conseguimos levar cultura e lazer a vários segmentos da população”, disse Lia Barbosa, que sublinhou o sucesso da feira de produtos locais, com “retorno positivo” para os feirantes.

No entanto, tanto a câmara como os organizadores notam um comportamento recorrente do público que tem impacto directo na dinâmica do festival/baile no Presídio.

“As pessoas chegam muito tarde ao Presídio, muitas vezes depois da uma da madrugada, mesmo com ingressos já vendidos. Se calhar temos de repensar a festa no Presídio para o próximo ano e ver como entender a nova geração ", comentou a vereadora Lia Barbosa.

A mesma fonte disse acreditar que a menor movimentação no Presídio e não só, este ano, pode estar relacionada com o facto de haver menos emigrantes, e às dificuldades enfrentadas no exterior, não necessariamente com a selecção de artista, pois é difícil agradar a todos.

Lia Barbosa não acredita também que o funcionamento do palco alternativo de Alto São Pedro possa ter influência no palco de Presídio, porque, explicou, o palco alternativo ocupa um espaço de tempo que não tem nada a ver com o Presídio e funciona das 19:00 às 23:00.

“Não há como tirar brilho ao palco de Presídio. Mas temos que repensar a festa para o próximo ano. Temos em carteira alguns projectos para mudar as actividades do Presídio para um outro lugar, mas ainda está na fase embrionária e estamos a dialogar com as pessoas ligadas à cultura e a realização de eventos”, disse a vereadora a Cultura.

A Semana com Inforpress