O primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, afirmou hoje que o Governo continuará a reforçar os meios e os efectivos da Polícia Nacional, sublinhando que a segurança pública é um desígnio nacional.
O primeiro-ministro proferiu essas palavras durante o acto de empossamento do novo director nacional da Polícia Nacional, o superintendente-geral Jorge Humberto Andrade.
No seu discurso, o chefe do Governo assegurou que o executivo está empenhado em garantir maiores investimentos na segurança pública, com enfoque na prevenção e no combate à criminalidade, à violência e às incivilidades diárias, elementos que, segundo referiu, criam terreno fértil para crimes de maior gravidade.
“A pequena violência diária afecta a tranquilidade das pessoas e alimenta a percepção de impunidade, precisamos combater este ambiente e agir com firmeza, mas também com acções preventivas e sociais”, frisou.
Ulisses Correia e Silva destacou ainda que os sistemas de videovigilância serão alargados a mais localidades, e que o aumento de efectivos está em curso, com previsão de novas incorporações até 2026.
O chefe do Governo reafirmou também a importância de uma comunicação institucional “assertiva e eficaz”, capaz de gerar confiança junto da população e minimizar o impacto de ocorrências que possam causar alarme social.
Durante a cerimónia, o primeiro-ministro dirigiu ainda palavras de apreço ao superintendente-geral cessante, Emanuel Estaline Moreno, enaltecendo os investimentos feitos durante a sua gestão, que, segundo afirmou, contribuíram para a redução de ocorrências criminais no país.
Destacou também a importância de reforçar a articulação entre a Polícia Nacional e a Polícia Judiciária, bem como a necessidade de integrar a vertente social na estratégia de segurança pública, nomeadamente através de programas de prevenção ao alcoolismo, uso de drogas, reinserção de toxicodependentes, reclusos e ex-reclusos.
A Semana com Inforpress
“Ulisses a Prometer Segurança Como Quem Vende Ar Condicionado no Deserto”.
Ulisses Correia e Silva deve achar que governa a Suíça da Macaronésia. O discurso dele é o típico exercício de política de vitrine: cheio de palavras bonitas, embalado em “desígnios nacionais”, mas completamente desligado da realidade nas ruas. Porque quem conhece as entranhas de Cabo Verde — não aquelas que ele visita com comitiva e teleponto — sabe que o problema não está na falta de meios, mas sim na falência da autoridade e da justiça que funciona só para alguns.Quantas vezes já ouvimos isso? Mais carros, mais câmaras, mais fardas… Mas quem está a mandar nos bairros não são os polícias — são os miúdos de 15 anos com pistolas, tatuagens de gangues e mais poder que o delegado escolar ou o pároco local. E quando a polícia aparece, é só para passar, tirar foto, ou tapar um cadáver com lençol branco.
Não há prevenção sem autoridade real. Sem tribunais que funcionem, sem penas que se cumpram, sem um Estado que entre nos bairros e fique lá, não para distribuir panfletos, mas para governar o território. Falar de reinserção de toxicodependent es quando o próprio Estado mal consegue manter os reclusos dentro das cadeias, é quase ofensivo.
Não precisamos de melhor comunicação institucional. Precisamos é de governo que governe, polícias que mandem, e justiça que castigue. Porque a população não é burra — percebe muito bem o que está a acontecer. E não é com conferências de imprensa e frases feitas que se convence um país a dormir com medo.
Ulisses continua a vender um país que só existe no PowerPoint de inauguração de mandato. A criminalidade não se combate com discursos, combate-se com presença, coragem e consequência. Enquanto houver um governo que foge dos bairros e governa para o Instagram, a violência vai continuar a ser o verdadeiro poder em Cabo Verde.
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