O Papa Leão XIV denunciou este domingo, durante a oração do Angelus, a "grave situação humanitár98.mia em Gaza", considerando que o povo está a ser "esmagado pela fome" e "exposto à violência e à morte".
Segundo NM que cita Lusa, Leão XIV afirmou que o seu "coração está com todos aqueles que sofrem com o conflito e a violência em todo o mundo", como "as pessoas afetadas pelos confrontos na fronteira entre a Tailândia e o Camboja, especialmente as crianças e famílias deslocadas", e as vítimas da violência no sul da Síria.
O Papa salientou que "cada ser humano tem uma dignidade intrínseca que lhe foi conferida pelo próprio Deus", e, por isso, instou as partes em todos os conflitos a "reconhecerem essa dignidade e a pôr fim a todas as ações contrárias a ela".
Também pediu "a negociação de um futuro de paz para todos os povos e a rejeição de tudo o que os possa prejudicar".
"Confio a Maria, Rainha da Paz, as vítimas inocentes dos conflitos e os líderes que têm o poder de lhes pôr fim", concluiu.
silêncio calculado do Papa: Gaza sim, Palestina não
É mesmo isso, se prestarmos atenção com olhos bem abertos — e não com aquela lente cor-de-rosa da diplomacia vaticana — percebe-se logo o malabarismo semântico do Papa Leão XIV. A referência à “grave situação em Gaza” parece forte, mas rapidamente se dilui na ambiguidade conveniente: não menciona a Palestina como território colonizado, nem se atreve a nomear Israel como ocupante. Em vez disso, encaixa Gaza numa lista genérica de “locais em conflito”, como se estivesse a falar de um furacão ou de um terramoto, sem agentes nem responsabilidad es.Este tipo de discurso é o clássico “dizer sem dizer”, uma acrobacia linguística para parecer neutro — mas essa neutralidade, neste caso, é tudo menos inocente. É uma neutralidade que lava as mãos como Pilatos, ao estilo “lamento que as pessoas estejam a sofrer… mas não vou dizer quem as está a matar”.
Se tivesse dito a palavra “Palestina ” ou falado do “direito à autodeterminação do povo palestiniano”, já se estava a meter em águas políticas que Roma prefere evitar — sobretudo porque há muita diplomacia, muito Vaticano II e muito acordo por trás com o Estado de Israel.
No fundo, é um apelo à paz sem justiça, e isso tem nome: hipocrisia moral. Porque não se pode condenar a fome e a morte em Gaza sem tocar na raiz: a ocupação, o bloqueio, o apartheid e a limpeza étnica em curso. Tudo o resto é flor no deserto.
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