A comunidade muçulmana guineense mostrou hoje estar profundamente dividida sobre o dia da festa do Tabaski, a festa do sacrifício do carneiro, que alguns afirmam que será na sexta-feira e outros alegam que será no sábado.
Líderes de duas organizações representativas da comunidade islâmica guineense, imame Ali Ibrahim Bodjan, da Comissão Nacional de Observação Lunar, e imame Aliu Coté, da União Nacional de Imames da Guiné-Bissau, deram hoje uma conferência de imprensa em Bissau, com posições antagónicas sobre o dia da reza.
A reza é o momento alto das festividades de Tabaski, em que um muçulmano adulto com possibilidades deve sacrificar um carneiro e dividir a carne com os familiares, amigos e vizinhos.
Em nome da Comissão Nacional de Observação Lunar – astro pelo qual se orienta o calendário islâmico -, Ali Bodjan, imame da principal mesquita da Guiné-Bissau, afirmou que a reza deve ser na sexta-feira, “de acordo com as orientações do Profeta do Islão”.
Na crença popular guineense diz-se que se a reza das festas islâmicas acontecer na sexta-feira, isso pode levar à queda do poder do presidente da República.
Vários sábios muçulmanos têm desmentido essa alegação, lembrando que o islão não se revê em mitos.
Em sentido oposto, Aliu Coté, da União Nacional dos Imames, disse que a reza de Tabaski será no sábado, o que, assegurou, será observado pela maioria de mesquitas e centros de concentração da população muçulmana da Guiné-Bissau.
“A única mesquita que irá rezar na sexta-feira é a mesquita Attadamum”, em Bissau, disse o imame Aliu Coté, em referência à maior mesquita do país, dirigida por Ali Ibrahim Bodjan.
O Governo ainda não se pronunciou sobre qual o dia que vai decretar como feriado nacional.
Em situação idêntica, em 2022, as autoridades, que tinham decretado o feriado para a festa de Tabaski num dia, dispersaram à força os fiéis muçulmanos que tentaram rezar no dia seguinte em várias localidades da Guiné-Bissau.
A festa de Tabaski, também conhecida por Eid-Ul-Adha, ocorre após a peregrinação dos muçulmanos a Meca, na Arábia Saudita, e serve para lembrar o momento em que o profeta Abraão tentou sacrificar o seu único filho a pedido de Deus, mas este acabou por o impedir, colocando um carneiro no lugar do sacrifício.
A Semana com Lusa
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