Perante o declínio da ajuda externa, políticos, académicos e ativistas vão discutir durante a conferência Ibrahim Governance Weekend (IGW), este fim de semana em Marraquexe, como pode África mobilizar os próprios recursos para acelerar o desenvolvimento.
Realizado entre 01 e 03 de junho, o tema do IGW 2025 é "Alavancar os recursos de África para colmatar o défice financeiro" e vai debater as principais prioridades do continente, estratégias para maximizar as receitas fiscais, reformas ao sistema de financiamento internacional e formas de atrair mais capital privado.
Além do congelamento da ajuda externa dos Estados Unidos da América (EUA) ordenado pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, os principais países europeus doadores, como Alemanha, França e Reino Unido, também estão a reduzir a ajuda aos países em desenvolvimento, em parte devido ao aumento das despesas militares.
No entanto, um relatório da Fundação Mo Ibrahim identifica potenciais fontes de financiamento para o desenvolvimento económico, desde capital soberano subutilizado e fundos de pensões que podem ser investidos no continente até a monetização de reservas minerais e da biodiversidade.
O estudo "Factos e Números" sugere que a reforma dos sistemas fiscais e financeiros também pode reduzir fluxos de capital ilícito e o custo excessivo com o pagamento das dívidas públicas.
Segundo o relatório, os países africanos já são dos maiores produtores de minerais, possuem grandes reservas de petróleo e gás natural e têm grande potencial na produção de energia solar, geotérmica e eólica.
A produção industrial, pescas e agricultura são atividades económicas com grande margem de crescimento no continente africano, segundo o mesmo estudo, que aponta os créditos de carbono e de biodiversidade como possível fonte de rendimento graças à riqueza em termos de florestas, turfeiras e mangais.
O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, Ngozi Okonjo-Iweala, o antigo Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, e o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, são alguns dos oradores da conferência.
Organizado anualmente pela Fundação Mo Ibrahim desde 2011, o IGW junta líderes, representantes da sociedade civil e parceiros para "debater os desafios de África e partilhar soluções".
Edições anteriores analisaram temas como as necessidades financeiras do continente, as migrações, a urbanização, a agricultura, a pandemia covid-19 e os serviços públicos.
Além de representantes de governos africanos, organizações internacionais, empresas e sociedade civil, vão participar jovens de toda a África.
Em paralelo serão organizados eventos paralelos e por organizações como o Instituto Pedro Pires para a Liderança, a Fundação África-Europa, a agência de 'rating' financeiro Moody's, o Afrobarómetro, entre outras.
A Semana com Lusa
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