sexta-feira, 20 junho 2025

A ATUALIDADE

"Campo de Trabalho de Txon Bom", livro que resgata a memória de um capítulo sombrio da história de Cabo Verde e da luta contra o colonialismo

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A historiadora Nélida Brito lança o livro "Campo de Trabalho de Txon Bom (1961-1974)", uma obra que resulta da sua tese de doutoramento e que mergulha nas memórias dos prisioneiros do campo de concentração do Tarrafal.

 

Comemorando os 50 anos do encerramento do campo, o livro resgata a história de resistência contra o regime fascista e colonialista português, trazendo à tona os testemunhos de sobreviventes, muitos deles anônimos até agora. 

O Campo de Trabalho de Txon Bom, localizado no  Tarrafal, interior de Santiago, foi reaberto pelo regime de Salazar em 1961, após um período de sete anos de fecho. Este campo de concentração, que abrigou militantes de movimentos de libertação de várias colônias portuguesas, tornou-se um símbolo das brutalidades do colonialismo e da repressão política da ditadura fascista portuguesa. 

Em declarações à Inforpress, a historiadora Nélida Brito, explica que na sua nova obra dá voz às vítimas dessa repressão, resgatando memórias esquecidas e oferecendo uma análise profunda do impacto desse capítulo sombrio na história de Cabo Verde e dos outros países africanos que lutavam pela sua independência.

A autora explica que a escolha do tema foi pessoal e histórica, pois desde a sua adolescência, quando ia ao Tarrafal visitar familiares e sempre ouvia falar deste campo, despertou-lhe uma curiosidade para saber o que realmente se passava ali.

A obra não só resgata a história, como também serve como um alerta sobre o apagamento da memória. Nélida Brito destaca a dificuldade que encontrou para aceder a documentos e entrevistas de sobreviventes, revelando um esforço de pesquisa que incluiu viagens a Angola e à Guiné-Bissau.

"Em Cabo Verde, os arquivos sobre dados da Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) estavam incompletos. Por isso, fui a Lisboa, ao Porto e à Torre do Tombo, onde encontrei os principais documentos relacionados aos prisioneiros do campo", relata a historiadora.

Ela também enfatiza a importância de que as novas gerações conheçam e reflitam sobre este período da história, uma vez que, segundo ela, "a população jovem não tem o hábito de ler e muitas vezes não conhece bem a nossa história. Este livro é uma ferramenta importante para que os jovens compreendam o sofrimento de tantos heróis que lutaram contra o fascismo e o colonialismo."

O livro foi bem-recebido pelo público e, recentemente, foi apresentado na cidade da Praia, no Arquivo Histórico, durante as comemorações do 50.º aniversário do encerramento do campo de Tarrafal. Segundo a mesma fonte, a aceitação do público sobre o livro, que pretende combater o apagamento da memória, tem sido excelente.

A obra já foi também apresentada em Lisboa, no Centro Cultural de Cabo Verde, onde, apesar da escassez de exemplares, o interesse foi imenso.

"Infelizmente, só enviaram 20 exemplares, mas as pessoas queriam mais. Isso mostra o quanto o tema ressoa e o quanto as pessoas estão sedentas por saber mais sobre a nossa história," conclui a autora.

O livro, segundo a historiadora, não só oferece um retrato histórico, como também é um convite à reflexão sobre os desafios que a sociedade cabo-verdiana e as ex-colónias portuguesas enfrentaram durante e após o regime fascista, destacando a importância de preservar a memória histórica para as gerações futuras.

A Semana com Inforpress

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Opiniões e Feedback

Terra
4 days 3 hours

Ninguem perguntava a um homem se ele tinha mérito de ser na uma linha partidário/ Hahaha tchakota boca calado tem resposta ...

Maika
4 days 22 hours

Não fosse o apoio do imperialismo americano desta vez seria varrido da face da terra os genocidas e criminosos sanguinários ...

Terra
7 days 13 hours

Nhos vota na MPD tamebe Naty fla ma ainda nos codja nada?

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