Tuesday, 29 July 2025

Von der Leyen e Trump chegam a acordo comercial entre UE e EUA para evitar guerra tarifária total

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A União Europeia e os Estados Unidos chegaram a um acordo comercial provisório para evitar uma guerra de tarifas potencialmente devastadora entre duas das maiores economias do mundo, encerrando assim uma corrida contra o tempo antes do prazo auto-imposto de 1 de agosto.

 

"O ponto de partida foi um desequilíbrio, um excedente [de bens] do nosso lado e um défice do lado dos EUA. Queríamos reequilibrar a relação comercial e queríamos fazê-lo de forma a que o comércio entre nós dois continuasse através do Atlântico", afirmou Ursula von der Leyen.

 

De acordo com os termos acordados, finalizados este domingo pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e pelo presidente dos EUA, Donald Trump, durante uma reunião na Escócia, a maioria das exportações da UE com destino ao mercado americano será sujeita a uma tarifa de 15%.

A tarifa para as exportações dos EUA com destino ao mercado da UE não ficou imediatamente clara.

O acordo é apenas preliminar e necessita de ser mais detalhado.

"Acho que é ótimo termos chegado a um acordo hoje, em vez de andarmos a brincar", disse Trump, no final da reunião. "Penso que é o maior acordo alguma vez feito."

"Temos um acordo comercial entre as duas maiores economias do mundo. E é um grande acordo. É um acordo enorme", afirmou von der Leyen. "Vai trazer estabilidade e previsibilidade. Isso é muito importante para as empresas de ambos os lados do Atlântico."

Von der Leyen observou que a tarifa de 15% seria "geral" e "abrangente", impedindo a aplicação de outras tarifas.

"Foram negociações difíceis [mas] chegámos a uma boa conclusão», referiu ainda, destacando a "abertura" do mercado da UE, que Trump tinha contestado.

 

Os dois líderes apertaram as mãos sob os aplausos da sala.

"Conseguimos chegar a um acordo satisfatório para ambas as partes, por isso é um acordo muito poderoso. É o maior de todos os acordos", disse Trump.

A taxa de 15% é inferior à taxa de 20% que Trump impôs, e posteriormente suspendeu, em abril, como parte das suas controversas e autodenominadas "tarifas recíprocas", bem como à taxa de 30% que ameaçou aplicar numa carta enviada a von der Leyen no início deste mês.

A taxa de 15% também é inferior às taxas que outros países negociaram com a Casa Branca nos últimos dias, incluindo a Indonésia (19%) e as Filipinas (19%), e corresponde ao número concedido ao Japão (15%), um aliado do G7.

Ainda assim, representa uma concessão dolorosa, considerando que as negociações começaram com von der Leyen a oferecer um acordo tarifário "zero por zero". Ao longo do processo de negociações, von der Leyen alertou repetidamente que "todas as opções", incluindo um instrumento nunca utilizado contra a coerção económica, estavam em cima da mesa no caso de um cenário indesejável.

À medida que as tensões aumentavam, a Comissão Europeia preparou várias listas de medidas retaliatórias contra produtos norte-americanos no valor total de 93 mil milhões de euros.

Bruxelas nunca recorreu a qualquer medida de retaliação devido às diferenças marcantes entre os Estados-membros. Alguns deles, como França e Espanha, defenderam uma demonstração de força, enquanto outros, como a Alemanha e Itália, pressionaram por um acordo célere.

A diferença ideológica diminuiu depois de Trump ter feito a sua ameaça de 30%, o que provocou indignação em todo o bloco e endureceu o clima face à retaliação.

Final da história?

Antes da chegada de Trump perturbar o comércio transatlântico, os produtos fabricados na UE estavam sujeitos a uma taxa média de 4,8% ao entrar no território dos EUA. O acordo deste domingo implicará, presumivelmente, um acréscimo de 10% para atingir a marca de 15%.

Os automóveis da UE, que estão agora sujeitos a uma tarifa de 27,5%, passarão a estar sujeitos à taxa de 15%.

Um esquema "zero por zero" será aplicado a aeronaves, semicondutores, recursos naturais, matérias-primas críticas e alguns produtos químicos e agrícolas.

"Continuaremos a trabalhar para adicionar mais produtos a esta lista", disse von der Leyen.

Além disso, explicou ainda, o bloco irá comprometer-se a gastar mais de 250 mil milhões de dólares por ano na compra de GNL (gás natural liquefeito) americano e combustíveis nucleares para substituir a energia russa. No total, tal significaria 700 mil milhões de dólares para o restante do segundo mandato de Trump. (Não está claro de que forma um acordo comercial pode impor aquisições a empresas privadas.)

Questionada sobre que concessões os EUA fizeram, a líder da Comissão respondeu com uma observação geral sobre prosperidade partilhada.

"O ponto de partida foi um desequilíbrio, um excedente [de bens] do nosso lado e um défice do lado dos EUA. Queríamos reequilibrar a relação comercial e queríamos fazê-lo de forma a que o comércio entre nós dois continuasse através do Atlântico", afirmou.

"Acho que vai ser ótimo para ambas as partes", destacou Trump.

A reunião deste domingo ocorreu num contexto de expectativas altíssimas devido ao prazo iminente de 1 de agosto, que Trump impôs para forçar as nações a oferecer concessões abrangentes, sob pena de enfrentarem tarifas punitivas.

Von der Leyen estava acompanhada por Maroš Šefčovič, o comissário europeu para o Comércio, que passou os últimos meses a viajar pelos dois lados do Oceano Atlântico na tentativa de obter uma melhor compreensão das exigências da Casa Branca.

Estava ainda acompanhada pelo seu influente chefe de gabinete, Björn Seibert, pelo seu conselheiro comercial, Tomas Baert, e pela diretora-geral da Comissão para o Comércio, Sabine Weyand.

Nas últimas semanas, von der Leyen e a sua equipa tentaram avançar nas negociações para reduzir a tarifa prevista pelos EUA. A taxa de 15% era considerada elevada, mas aceitável se acompanhada de isenções para setores estratégicos.

Uma grande preocupação tem sido os produtos farmacêuticos, que o bloco exporta em grandes volumes para o mercado americano. A administração Trump abriu uma investigação sobre os produtos farmacêuticos, uma medida que pode abrir caminho a uma tarifa personalizada.

No início da reunião, Trump disse que os produtos farmacêuticos não estavam incluídos no acordo.

"Temos de os fabricar e produzir nos Estados Unidos, e queremos que sejam fabricados nos Estados Unidos", destacou Trump, em declarações aos jornalistas. "Os produtos farmacêuticos são muito especiais. Não podemos estar numa posição em que [...] dependemos de outros países."

No final da reunião, Von der Leyen afirmou que os medicamentos fabricados na UE estariam sujeitos à taxa de 15%, mas admitiu que Trump poderia tomar outras medidas para resolver a questão "globalmente".

"Começámos muito distantes uns dos outros. Foi difícil, justo, mas foi difícil", afirmou.

"15% é certamente um desafio para alguns, mas não devemos esquecer que isso nos mantém o acesso ao mercado americano", acrescentou, observando que o bloco continuará a diversificar os seus parceiros comerciais para criar maiores oportunidades para os exportadores e investidores europeus.

A saga poderá em breve ter outra reviravolta: na próxima semana, um tribunal federal de recurso dos EUA começará a ouvir os argumentos num processo judicial muito acompanhado que contesta a autoridade de Trump para impor tarifas generalizadas sob o pretexto de uma emergência nacional.

 

A Semana com Euronews

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Opiniões e Feedback

Semedo
1 day 12 hours

O excedente que pode levar a mais um bonus * 15/o salario !!!) deve ser encaminhado para Instituições de Carentes. Tanta ...

José
2 days 16 hours

Analisando o projeto apresentado na imagem acima, identifica-se algumas preocupações significativas que merecem consideraç ...

José
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