O presidente do conselho de administração da Enapor revelou que com a inauguração do Terminal de Cruzeiros prevê-se um aumento 40% de escalas de navios no Porto Grande e no Porto Novo até 2030, reforçando a posição do país no sector.
Um dos “grandes impactos” da infra-estrutura, frisou, é que ele vai aumentar directamente a produtividade local, criando postos de trabalho, tanto na sua fase de implementação, como nas fases subsequentes de operação e manutenção, tal como ilustra a estimativa do Relatório do impacto Social e Económico, cuja previsão é de criação de 110 postos de trabalho a longo prazo.
Em entrevista à Inforpress, Ireneu Camacho explicou que, de acordo com o parceiro com quem a Enapor está a trabalhar no Plano de Desenvolvimento do Destino de Cruzeiros, a Inception Report, da GPH, a estimativa é que o número de navios de cruzeiro no país duplique nos próximos anos.
Em 2024, Cabo Verde recebeu 250 escalas de navios de cruzeiro de vários portos do globo.
Segundo o presidente do conselho de administração da Empresa Nacional de Administração dos Portos de Cabo Verde (Enapor), a principal valência do terminal prende-se com a separação das operações de embarque e desembarque de turistas de cruzeiros das outras operações portuárias de carga e descarga, cenário que antes se vivia no Porto Grande.
Isto, explicou Irineu Camacho, “impactará significativamente na melhoria da experiência” dos turistas, na segurança das operações e na reputação de São Vicente como destino turístico.
“E sendo uma infra-estrutura de padrão internacional, moderna e dedicada exclusivamente ao turismo de cruzeiros, oferece aos navios e seus cruzeiristas uma recepção mais eficiente e confortável”, argumentou.
Os cruzeiristas, doravante, passarão a entrar no edifício do Welcome Center, uma área de 900 metros quadrados equipada com balcões de atendimento, scanners de bagagem e apoio para a Polícia Nacional/Fronteira e Alfândega, "garantindo segurança e controlo eficaz de entradas e saídas".
Após cumprir as formalidades na área de fronteiras e alfândegas, explicou, os turistas seguirão para a zona exterior que conta com 6.150 metros quadrados dedicada ao estacionamento de veículos de transporte individual e colectivo de passageiros, que estarão disponíveis para passeios e excursões ou podem optar por sair a pé pelo portão de acesso, ao largo de pequenas encomendas.
Sobre os impactos para a economia cabo-verdiana, Ireneu Camacho considerou que o Porto de Cruzeiros do Mindelo irá fortalecer a posição de Cabo Verde no sector e será um pontapé de saída para que outros portos nacionais também possam ser contemplados com essas melhorias.
A nível económico afirmou que a infra-estrutura trará um benefício líquido da cobrança das tarifas portuárias, incluindo tarifa de passageiro e sobre o abastecimento de combustível.
Também trará “benefício líquido das despesas de desembarque dos passageiros e da tripulação, para sector de construção local, influenciará na geração de emprego no terminal e em todos os sectores da economia, nas reservas de divisas e na balança comercial e no nível do turismo de permanência e atractividade” geral de Cabo Verde.
Além disso, adiantou a mesma fonte, espera-se que o Terminal de Cruzeiros, quando operacional, ofereça amplas oportunidades para o desenvolvimento do sector privado, principalmente para as pequenas e médias empresas, “reforçando e criando oportunidades” de negócio e de emprego.
“O terminal oferecerá amplas oportunidades para o desenvolvimento do sector privado, principalmente para as pequenas e médias empresas, em várias áreas como cultura, entretenimento, artesanato, gastronomia, alojamento e transporte”, assinalou Ireneu Camacho.
Como exemplo, citou que as agências podem criar pacotes de experiência mista e outras ideias que podem ser exploradas de forma a aumentar a oferta e atrair mais turistas.
Elencou ainda oportunidades de negócio para os táxis e ferrys, restauração, artesanato e artes, alojamento nos hotéis e residenciais, para os guias turísticos, operadores turísticos e organizadores de eventos, desportos náuticos, entre outros.
Conforme o presidente do conselho de administração da Enapor, já existe um comité de direcção, criado desde o início do projetco, exactamente com o objectivo de coordenar e envolver todos os intervenientes à volta do negócio dos cruzeiros, de forma a “rentabilizar e tirar maior proveito” desta infraestrutura.
O comité inclui instituições como o Ministério do Turismo, através do Instituto do Turismo, o Ministério do Mar, o Ministério das Finanças, a Câmara Municipal de São Vicente, a Associação de Municípios de Santo Antão e a Câmara de Comércio do Barlavento, com o objectivo de fazer esta integração entre todos os intervenientes do negócio.
Um dos “grandes impactos” da infra-estrutura, frisou, é que ele vai aumentar directamente a produtividade local, criando postos de trabalho, tanto na sua fase de implementação, como nas fases subsequentes de operação e manutenção, tal como ilustra a estimativa do Relatório do impacto Social e Económico, cuja previsão é de criação de 110 postos de trabalho a longo prazo.
Segundo Ireneu Camacho, o Terminal de Cruzeiros está alinhado com as melhores práticas ambientais. Isto, clarificou, devido à implementação do sistema ‘Onshore Power Supply’, cuja instalação da cablagem e dos equipamentos está em curso, e que demonstra um “compromisso com a sustentabilidade” e a protecção do meio ambiente na operação do porto.
“Esta tecnologia permite que os navios sejam alimentados pela rede elétrica terrestre, enquanto atracados, reduzindo significativamente o ruído, a emissão de gases de efeito estufa e outros poluentes”, clarificou.
Questionado como é que se vai conciliar a questão de segurança e o facto de a infraestrutura ser aberta ao público devido ao seu miradouro, a mesma fonte assegurou que todas as questões de segurança estão salvaguardadas.
“Está tudo devidamente assinalado com áreas públicas e restritas. O porto está equipado com um moderno sistema de segurança composto por controlos de acesso nas portas, câmaras de videovigilância e sensores de intrusão que monitoram todo o espaço em tempo real”, afirmou Ireneu Camacho.
Revelou ainda que as obras da segunda fase do projecto, que contempla a requalificação da orla marítima do Porto Grande, financiada pela Enapor, deverão arrancar no final deste ano.
O Porto de Cruzeiros do Mindelo possui o maior cais da ilha de São Vicente, com 400 metros de comprimento e 20 metros de largura, e profundidades que variam entre os 11 metros do lado norte e – 9,5 metros do lado sul.
Permite a atracação simultânea de dois navios de cruzeiro de até 350 metros, com uma capacidade total para até 6.000 passageiros.
Durante a sua construção, segundo Ireneu Camacho, priorizou-se a utilização de materiais e mão de obra locais, o que promoveu a economia local e reduziu o impacto ambiental associado ao transporte de materiais de longa distância.
“A emblemática parede vermelha do Welcome Center foi construída com a pedra do Salgadinho, extraída totalmente em São Vicente junto à localidade de Baía das Gatas, e todo o revestimento é, portanto, de produção 100% local”, informou.
Adiantou ainda que o revestimento em basalto da parede do Welcome Center, em que cada bloco de basalto pesa entre 50 e 70 quilogramas, foi desenhado especialmente para o terminal e a montagem foi realizada, peça por peça, por uma equipa cabo-verdiana.
A obra custou cerca de 3,6 milhões de contos, financiados pelo Governo e pelo OPEC Fund for International Development (OFID) e pelo Fund Invest International (fundo ORIO, dos Países Baixos).
A Semana com Inforpress
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