Wednesday, 18 June 2025

A ATUALIDADE

Independência/50 Anos: A tarefeira que cresceu com a Empa e que diz sentir na pele a injustiça de 40 anos de dedicação

Star InactiveStar InactiveStar InactiveStar InactiveStar Inactive
 

Teresa Benvinda Medina é uma das últimas tarefeiras da extinta Empresa Pública de Abastecimento (Empa), em São Vicente, na qual dedicou “quase toda uma vida”, mas, em troca, reclama, recebeu “a injustiça de 40 anos de sacrifícios”.

A Empa, empresa pública, foi criada pelo decreto-lei 07/75, de 10 de Setembro, e iniciou suas actividades em Outubro do mesmo ano.

Foi extinta nos anos 90 pelo Governo devido à gestão deficitária.

As suas actividades consistiam fundamentalmente na importação e comercialização de bens alimentares essenciais e materiais de construção, comercialização de donativos, exportação de produtos nacionais, dinamização e compra de produtos nacionais para garantir a segurança do abastecimento, regularização do mercado e estabilização dos preços.

Teresa Benvinda Medina, também conhecida como Teresinha, é uma dessas mulheres que, com força e coragem, carregavam sacos de milho, feijão, óleo, açúcar, arroz e materiais de construção nos armazéns da Empa.

Como disse em entrevista à Inforpress, iniciou sua jornada na empresa com 23 anos e cinco filhos, enfrentando jornadas extenuantes que, muitas vezes, se estendiam por 24 horas, quando as tarefeiras eram em número reduzido.

"Os carros traziam as mercadorias do cais e nós fazíamos as descargas nos armazéns, mas também fazíamos o contrário, enchíamos as viaturas de mantimentos que eram enviados de São Vicente para outras ilhas", relatou, nostálgica, com lembrança do esquema utilizado para abastecer as outras ilhas.

Um trabalho pesado, lembrou, cuja dica aprendeu com a amiga Rosa e com quem normalmente partilhava os sacos de 110 quilogramas, com o peso dividido por duas mulheres, e que na maioria das vezes passavam a madrugada a trabalhar.

“Os homens do grupo nos ajudavam a colocar os sacos na cabeça e fazíamos as descargas sem parar”, sublinhou.

Apesar da dedicação e do esforço incansável, Teresinha e suas colegas não receberam qualquer compensação quando o Estado decretou a falência da Empa nos anos 90.

"Fizemos descontos para as Finanças e até para o sindicato, mas no final ninguém conseguiu resguardar os nossos direitos", lamentou.

A revolta é ainda mais profunda, pois, enquanto novos funcionários foram contratados e indemnizados, as tarefeiras que já se encontravam há décadas na empresa ficaram desamparadas.

“Lembro que alguns colegas foram para uma reunião, na cidade da Praia, mas no final disseram-nos que não tínhamos quaisquer direitos, até um dos responsáveis do Governo chegou a dizer que éramos apenas táxis”, contou, com mágoa, de se ter sacrificado tanto pelo Estado, que “nunca reconheceu”.

Mas a “injustiça e ingratidão” não fizeram vergar essa mulher de fibra, que além dos desafios profissionais, enfrentou adversidades pessoais, incluindo a perda de um dos nove filhos.

Sinais da coragem de uma mulher que na juventude até se formou como milícia do partido único e nunca levou abuso de homem nenhum, como narrou.

No entanto, ela se orgulha de ter contribuído para a emancipação e o desenvolvimento de Cabo Verde, através do seu trabalho na Empa.

Uma empresa cuja história se confunde com a de Teresinha, que diz ser o reflexo das lutas e sacrifícios de muitas mulheres cabo-verdianas que, com coragem e determinação, contribuíram para a construção do país, muitas vezes sem o devido reconhecimento.

 

A Semana com Inforpress

2500 Characters left


Colunistas

Opiniões e Feedback

Terra
2 days 5 hours

Ninguem perguntava a um homem se ele tinha mérito de ser na uma linha partidário/ Hahaha tchakota boca calado tem resposta ...

Maika
3 days

Não fosse o apoio do imperialismo americano desta vez seria varrido da face da terra os genocidas e criminosos sanguinários ...

Terra
5 days 15 hours

Nhos vota na MPD tamebe Naty fla ma ainda nos codja nada?

Pub-reportagem

publireport

Rua Vila do Maio, Palmarejo Praia
Email: asemana.cv@gmail.com
asemanacv.comercial@gmail.com
Telefones: +238 3533944 / 9727634/ 993 28 23
Contacte - nos