A antiga ministra da Educação Filomena Martins apontou hoje que a grande conquista do sector da educação em Cabo Verde, nestes 50 anos da independência, foi a implementação do ensino básico, secundário e superior.
“É uma grande conquista e um marco extraordinário, porque quando nós definimos esses três marcos dentro do subsistema do ensino escolar, conseguimos abarcar todos os jovens que tenham idade de aprendizagem”, afirmou, em entrevista à Inforpress.
Um outro marco “extraordinário” apontado pela antiga ministra é o “forte investimento” que se fez na formação de docentes, a criação da universidade pública e a “forte aposta”, que ainda não está conseguida, no domínio da inovação e das tecnologias.
Filomena Martins destacou que os ganhos são inúmeros, lembrando que no período pré-independência, a taxa de analfabetismo, numa população de pouco mais de 270 mil pessoas, rondava os 63 por cento (%), num período em que a “pobreza intelectual desafiava a pobreza financeira”.
“Não existia ensino pré-escolar nessa altura. O ensino básico não era obrigatório, eram uma minoria de crianças que conseguiam ir às escolas, que eram de quatro anos, e tinha-se de percorrer largos quilómetros a pé”, lembrou.
“O ensino secundário resumia-se a cinco anos e com dois liceus em todo o país. Era frequentado por uma pequena elite, enquanto o acesso ao ensino superior era residual e absolutamente inexistente no país. A percentagem de docentes com formação própria era uma coisa irrisória”, frisou.
Após 50 anos da independência, a também antiga professora de Filosofia considerou que houve um progresso em todas dimensões neste sector, destacando a aposta “fortíssima e muito acertada” na capacitação dos recursos humanos.
“Hoje, a taxa bruta de penetração a nível da escolarização é de 23%, uma taxa que está muito próxima dos grandes países europeus. Descemos de uma taxa de analfabetismo de 63% para 2,1%, na faixa etária abaixo dos 15 anos”, avançou.
Quanto ao ensino superior realçou que hoje o arquipélago tem duas universidades públicas e privadas e dez instituições de ensino superior privadas.
Apesar destas conquistas, considerou que os desafios ainda persistem. Deu exemplo do ensino pré-escolar, que é preciso criar as condições financeiras, pedagógicas e científicas para a efectivação da sua universalização. Disse também que é preciso uma forte aposta na formação contínua dos docentes, entre outros desafios.
Para garantir um sector educativo mais sustentável, realçou ainda que é preciso que o Governo continue a fazer “forte investimento” no parque escolar, não apenas das construções, mas dos equipamentos tecnológicos, científicos e pedagógicos.
“Em Cabo Verde, a educação não pode falhar. A educação não pode deixar de cumprir a sua missão estratégica de desenvolvimento do país. Cabe-lhe formar quadros altamente qualificados e competitivos, profissionais de excelência em todas as áreas”, vincou.
A Semana com Inforpress
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