O antigo Presidente moçambicano Joaquim Chissano considera que “valeu a pena” a luta que levou à proclamação independência de Moçambique, em 25 de junho de 1975, embora aponte que 50 anos depois quase tudo está ainda por fazer.
“O que ficou por fazer em 50 anos? Ficou tudo. Porque, afinal, nós queremos evoluir sempre, sempre para melhor, não vamos chegar a um momento em que dizemos que já não queremos evoluir. Queremos uma vida sempre melhor do que a que nós temos, por isso aí não se estabelecem limites. Essa é a nossa inspiração”, começou por afirmar o antigo Presidente (1986 a 2005), em entrevista à Lusa, em Maputo.
Por outro lado, não tem dúvidas que “a maior conquista” da independência foi mesmo “a criação do Estado moçambicano” e “a unidade do povo moçambicano”, com o “crescimento e o fortalecimento” de uma nação que “nasceu com a luta de libertação nacional”.
“Fizemos muito trabalho para tirar o país do grande subdesenvolvimento em que estava - e que ainda está num grande subdesenvolvimento, mas nada comparado com os tempos em que encontramos o país -, portanto, temos grandes conquistas que derivam dessa unidade do povo moçambicano e a sua força de vontade de trabalhar e criar uma vida nova”, reconheceu.
Chissano sucedeu a Samora Machel, que proclamou a independência em 1975 e morreu num acidente aéreo em 1986, e foi também o primeiro Presidente da República de Moçambique eleito democraticamente, nas eleições multipartidárias de 1994.
“Valeu a pena. Vale a pena. Temos uma população que tem uma boa visão. E, falando de relações com Portugal, também em Portugal, a luta não para. E pensamos que vamos encontrar caminhos para nos ajudar uns aos outros. Não só para o bem dos nossos países, mas para o bem do mundo inteiro”, sublinhou.
Joaquim Chissano, 85 anos, é o mais antigo dos três antigos Presidentes ainda vivos, e um dos presidentes honorários da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), movimento em que se envolveu, na guerrilha, desde 1963.
“A luta de libertação de Moçambique começou com a certeza de que nós íamos conquistar a independência. É dentro dessa certeza que nós lutamos. Caso contrário, não teríamos levado a luta ao extremo em que a levámos. Mesmo no tempo em que ainda não tínhamos iniciado a luta armada. Era o mesmo fervor. Fazíamos a luta diplomática, a luta política, com o mesmo fervor, fazendo conhecer Moçambique ao mundo, era sempre com esta confiança de que nós vamos mudar a nossa vida”, concluiu.
A Semana com Lusa
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