O Governo chinês recusou hoje comentar a decisão do Presidente norte-americano, Joe Biden, de desistir de se candidatar à reeleição "no interesse" do Partido Democrata e dos Estados Unidos.

"É um assunto interno dos Estados Unidos, não vamos comentar", disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, em conferência de imprensa.

Esta é a primeira reação oficial do país asiático à decisão de Biden, que ofereceu o seu apoio à vice-presidente, Kamala Harris, que confirmou a sua intenção de "obter e ganhar" a candidatura para as eleições de 05 de novembro.

Após vários anos de tensões por causa de disputas comerciais, concorrência tecnológica e novos episódios de sanções mútuas, os laços entre Pequim e Washington, que celebrarão o seu 45º aniversário em 2024, registam desde há alguns meses um relativo degelo.

O último encontro entre o presidente norte-americano e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, teve lugar em novembro do ano passado, durante a cimeira da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC), em São Francisco (EUA), onde os dois líderes mostraram alguma aproximação ao chegarem a acordos para combater o tráfico de fentanil e reabrir os canais de comunicação militar.

No entanto, após o encontro, Biden voltou a chamar "ditador" a Xi, o que suscitou protestos de Pequim. Nas últimas semanas, as tensões voltaram a aumentar: na quarta-feira passada, a China anunciou que vai suspender as negociações sobre novas consultas em matéria de controlo de armas e não-proliferação, devido a questões como a venda de armas dos EUA a Taiwan.

A notícia da retirada também teve um forte impacto nas redes sociais chinesas e especialmente no Weibo - a versão chinesa do X, que é censurada na China - onde a ‘hashtag’ sobre a demissão de Biden acumulou 410 milhões de visitas e 92.000 comentários.

Nas primeiras horas da manhã de hoje, a notícia "Biden retira-se das eleições" era a mais pesquisada naquela rede, onde somava mais de 39.000 discussões e se juntava a outras pesquisas como "Biden apoia a candidatura de Harris" e "Harris fala em louvor de Biden".

A Semana com Lusa