O Instituto Cabo-verdiano da Criança e do Adolescente (ICCA) promoveu hoje, no Sal, uma mesa-redonda para debater a mutilação genital infantil e reforçar as estratégias de proteção infantil contra os perigos dessa prática enraizada em algumas culturas.
No Dia Internacional da Criança Africana, e num momento em que a ilha do Sal e Cabo Verde enfrentam novos desafios que afetam a vida, o bem-estar e os direitos das crianças, a delegada do ICCA, Queila Soares, enfatizou a importância dessa mesa-redonda com parceiros.
O objetivo é cumprir a missão de proteger e prevenir qualquer forma de violência contra crianças e adolescentes.
A delegada ressaltou que o Dia da Criança Africana foi instituído para refletir sobre os desafios que as crianças enfrentam em todo o continente e no mundo.
Em Cabo Verde, a mutilação genital infantil é uma preocupação crescente, exigindo atenção redobrada.
"É uma problemática que exige muito cuidado. Temos a consciência de que é um problema nefasto, mas também muito delicado, pois implica práticas culturais, idealismos e crenças de um povo que foi criado e educado com base nessa prática", concretizou Queila Soares.
A delegada enfatizou “a necessidade urgente” de conscientização sobre os riscos que a mutilação genital infantil representa para crianças e mulheres, afetando sua saúde, independência e autonomia sexual.
Com uma significativa comunidade africana, a ilha do Sal torna-se um ponto focal para o debate sobre essa prática.
Diante disso, a mesa-redonda buscou reunir os diversos serviços do sistema de proteção e cuidado, incluindo o Comité Municipal para a Defesa do Direito da Criança, para analisar a percepção de cada sector sobre a mutilação genital infantil em Cabo Verde e desenvolver estratégias conjuntas de prevenção e combate.
Por sua vez, a técnica da Alta Autoridade para Imigração no Sal, Nademira Silva, ponderou que a estratégia passa por um trabalho contínuo de sensibilização e conscientização.
Isso envolve os serviços de saúde, proteção, judiciais e comunitários que atuam diretamente com as famílias.
O objetivo é encontrar o caminho mais eficaz para promover uma mudança de mentalidade, crucial para erradicar a mutilação genital infantil.
A Alta Autoridade para Imigração, na sua missão de coordenar e implementar políticas de integração de imigrantes em Cabo Verde, tem sido activa na disseminação de informações sobre essa prática para imigrantes e para a sociedade civil.
"Trabalhamos sempre nessa linha da sensibilização e da informação", destacou Nademira Silva, sublinhando a importância de trabalhar em parceria com outras instituições para obter dados precisos sobre a imigração em Cabo Verde, evitando generalizações e preconceitos, já que “nem sempre todos os imigrantes têm essa prática".
De acordo com dados de inquéritos, a integração dos imigrantes em Cabo Verde é considerável, com uma taxa acima dos 80%.
Este índice positivo sugere que, apesar dos desafios culturais, a comunidade imigrante tem demonstrado boa adaptação à cultura cabo-verdiana, abrindo caminho para o diálogo e a conscientização sobre práticas como a mutilação genital infantil.
A Semana com Inforpress
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