A União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição) considerou hoje a descida de quatro lugares do país no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da ONU “preocupante” e que merece uma “reflexão sobre discurso e prática”.
Em declarações à imprensa, no Mindelo, a deputada Zilda Oliveira, eleita nas listas da UCID pelo círculo eleitoral de São Vicente, referiu que apesar de o partido ainda não se ter debruçado internamente sobre o assunto, tal “não deixa de ser uma preocupação”, se se considerar todos os critérios que são tidos em conta para se avaliar o IDH.
Questões como a saúde, a precariedade, o desemprego e outros itens, avançou a fonte, revelam a “imagem real” do país, à parte dos discursos veiculados, segundo os quais o país “nunca esteve melhor”.
“Esta classificação vem mostrar qual é o estado real da situação do país e da vida dos cabo-verdianos”, vincou a parlamentar, que disse acreditar que o assunto deve merecer um debate no parlamento já na sessão que principia na quarta-feira, 07.
Os dados do IDH referem-se a 2023, mas mesmo assim Zilda Oliveira considerou que “são os últimos dados” e “a tendência é no mesmo sentido por aquilo que vimos diariamente”.
“Aliás, temos dito sistematicamente que aquilo que é a percepção do Governo não é a percepção da população cabo-verdiana, pelo que é importante parar, reflectir, debater e buscar soluções, porque a negação daquilo que é a realidade condiciona a procura de respostas”, finalizou.
No entanto, a UCID considera um novo pronunciamento quando consultar o documento “de forma exaustiva”.
Os dados do Relatório de Desenvolvimento Humano divulgados hoje pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) indicam que, entre os países lusófonos, apenas Cabo Verde desceu na classificação de Índice de Desenvolvimento Humano.
O arquipélago passou da posição 131 para a 135, numa avaliação que se centra no desempenho dos países em 2023.
A mesma fonte indicou que seis dos nove membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) subiram no 'ranking' de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da ONU, com Portugal a manter-se na categoria mais elevada e Guiné-Bissau e Moçambique na mais baixa.
Num 'ranking' liderado pela Islândia, Portugal ocupa agora a 40.ª posição face à 42.ª registada no relatório anterior, seguindo-se o Brasil na lista de Estados da CPLP com melhor índice, subindo do 89.º lugar para o 84.º.
A Guiné-Equatorial manteve-se na 133.ª posição, Cabo Verde desceu da 131.ª para a 135.ª, São Tomé e Príncipe permaneceu no 141.º lugar e Timor Leste subiu do 155.º para o 142.º lugar.
Ainda na lista de países lusófonos que subiram no 'ranking' da PNUD está Angola, que passou da 150.ª posição para a 148.ª, Guiné-Bissau (da 179.ª para 174.ª) e, por último, Moçambique, que subiu uma posição (183 para 182).
Portugal é o único país lusófono na categoria de Desenvolvimento Humano "muito elevado", o Brasil é o único em "elevado", e Guiné-Equatorial, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Angola, Timor Leste estão na lista de países que registaram um Desenvolvimento Humano "médio".
Guiné-Bissau e Moçambique são os membros da CPLP incluídos na categoria de Desenvolvimento Humano "baixo", que é encerrada pelo Sudão do Sul na última posição (193.ª).
A África Subsariana é, cronicamente, a região com o mais baixo IDH em todo o mundo.
A Semana com Inforpress
Terms & Conditions
Report
My comments