No discurso de abertura, o presidente angolano e presidente em exercício da União Africana, sublinhou a ajuda em áreas estratégicas entre Tóquio e o continente africano. João Lourenço defendeu que "não há alternativa ao multilateralismo" e lamentou a "persistente dificuldade" que os países africanos têm no acesso aos mercados financeiros internacionais. Elogiou a postura do Japão, "parceiro incontornável" dos países africanos, e a “atitude diferente na relação financeira com África", um continente que "continua a deparar-se com barreiras persistentes e um acesso limitado” ao financiamento internacional.
"Quero dar destaque ao facto de, durante a TICAD VIII, realizada na Tunísia, em 2022, o vosso país ter anunciado um substancial investimento no valor de 30 mil milhões de dólares em financiamento público e privado para a África ao longo dos três anos seguintes, com uma abrangência que englobaria diversas áreas que vão desde o apoio ao sector privado até ao desenvolvimento do capital humano e iniciativas de crescimento verde.
É claro que se inscreve neste conjunto de prioridades a questão da segurança alimentar em África, relativamente à qual o Japão tem manifestado um firme engajamento que, juntamente com outras acções a que já fiz referência, contribui solidamente para a construção de uma confiança cada vez maior entre nós como parceiros movidos por interesses comuns bastante expressivos.
Devo realçar o facto de, apesar do investimento directo estrangeiro no geral, para África ter aumentado em 75% em 2024, do Japão, nesse mesmo ano, África recebeu apenas uma parte marginal de 0,5%, o que na verdade não reflecte de modo algum a capacidade do vosso país neste domínio".
Por seu lado, o secretário-geral da ONU afirmou que o continente africano está pronto para o progresso, destacando a população mais jovem do mundo, os recursos naturais abundantes e o espírito empreendedor dos africanos. Para António Guterres, este é o momento de acelerar os objectivos de desenvolvimento sustentável através da cooperação, investimentos e reformas. Guterres destacou as crises desencadeadas por conflitos, mudanças climáticas ou tensões comerciais e pediu para que seja reconhecido que “a paz e a prosperidade andam de mãos dadas”.
Vários líderes africanos acompanham os trabalhos da cimeira. O primeiro-ministro de Cabo Verde considerou que o Japão é "um excelente parceiro" de África para impulsionar o crescimento das economias e usar os recursos do continente de forma mais rentável. Numa sessão dedicada à economia azul e à agricultura em África, Ulisses Correia e Silva afirmou que são duas prioridades estratégicas para o continente porque "podem contribuir para a redução da insegurança alimentar e o aumento do comércio regional e internacional".
Na sua declaração, o presidente moçambicano mostrou disponibilidade para acolher iniciativas de investimentos do Japão que promovam a paz e a integração económica entre os países africanos banhados pelo oceano Índico. Daniel Chapo disse ainda que Moçambique está pronto para receber investimentos em infra-estruturas verdes e energias renováveis, e parcerias na área da juventude com a criação de plataformas de intercâmbio entre jovens africanos e japoneses.
A Semana com RFI
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