A Comissária para as Infraestruturas e Energia da União Africana (UA), Lerato Dorothy Mataboge, defendeu esta segunda-feira que os próprios países africanos devem investir mais no desenvolvimento do continente em vez de dependerem de financiamento exterior.
"Sei que existem recursos neste continente, há cálculos. Vai sair um relatório na sexta-feira que diz que temos 4,6 biliões de dólares (quatro biliões de euros) em capital nacional" (africano), revelou num dos debates durante o Forum Ibrahim, parte da conferência Ibrahim Governance Weekend, a decorrer em Marraquexe.
"Porque é que não estamos a utilizá-lo para o nosso próprio desenvolvimento?", questionou.
Mataboge afirmou que um dos riscos críticos identificados pela UA "é que mais de 70% dos projetos e programas em África são financiados por parceiros externos".
"Trata-se de um risco enorme. Por isso, se queremos realmente ter a África que desejamos, temos de levar muito a sério a contribuição africana em termos financeiros, técnicos e outros para o nosso próprio desenvolvimento", argumentou.
Mataboge pediu mais coordenação entre países africanos desenvolvimento de infraestruturas e na integração de projetos, nomeadamente ligados à energia.
De acordo com o relatório "Financiar a África que queremos" da Fundação Mo Ibrahim, que organiza a conferência, os fundos soberanos e os fundos de pensões africanos têm um potencial significativo de capital, com ativos estimados em 130 mil milhões de dólares (114 mil milhões de euros ao cambio atual) e 220 mil milhões de dólares (193 mil milhões de euros), respetivamente.
O mesmo estudo calcula que os países africanos recebem mais de 90 mil milhões de dólares (79 mil milhões de euros) por ano em remessas de emigrantes do estrangeiro, representando mais de 10% do PIB em alguns países.
A conferência IGW 2025 realiza-se entre 01 e 03 de junho em Marraquexe, sob o tema "Alavancar os recursos de África para colmatar o défice financeiro".
Políticos, académicos e ativistas vão debater como podem os países africanos mobilizar-se para acelerar o desenvolvimento social e económico num contexto internacional de declínio da ajuda externa.
A Semana com Lusa
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