A direção do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) reuniu-se esta quinta-feira com os dirigentes que exigem que o líder do partido, Domingos Simões Pereira, clarifique se é candidato a primeiro-ministro ou à presidência.
À saída da reunião, que durou cerca de três horas, Simões Pereira disse aos jornalistas que se tratou de “um encontro entre camaradas”, em referência aos dirigentes do PAIGC que integram o governo de iniciativa presidencial, e sobre se é candidato à presidência referiu que “essa decisão será tomada pelo Comité Central” do partido.
Aqueles dirigentes, entre os quais o ex-advogado do partido, Carlos Pinto Pereira, atualmente ministro dos Negócios Estrangeiros guineense, aceitaram integrar o governo formado pelo Presidente do país, Umaro Sissoco Embalo, mesmo contra as indicações do PAIGC.
No passado dia 14 endereçaram uma carta ao histórico partido guineense na qual pedem ao líder, Domingos Simões Pereira, que clarifique se é candidato ao cargo de primeiro-ministro ou se será candidato à presidência da República.
A carta contém os nomes de oito dirigentes do PAIGC, entre os quais o do atual primeiro-ministro, Rui Duarte de Barros, mas que não assinou o documento, tal como outros dois elementos.
Os subscritores da carta entendem que ao se posicionar como cabeça-de-lista do PAIGC às eleições legislativas antecipadas marcadas para 24 de novembro próximo, Domingos Simões Pereira estaria a colocar em causa os interesses do partido e da própria Guiné-Bissau.
Entendem que aquele posicionamento poderá ser “mais uma antecâmara” de problemas, em referência a eventuais dificuldades de relacionamento entre o primeiro-ministro do PAIGC e o Presidente da República.
“Disseram o que pensam, mas também ouviram as posições da direção do partido”, afirmou Simões Pereira ao comentar as incidências da reunião de hoje.
O líder do PAIGC disse que “todos puderam falar” e que todos assumiram o compromisso de que os estatutos do partido serão respeitados, bem como as regras internas.
“Permitir que, independentemente das opiniões que uns e outros possam ter, que sejam as estruturas e os órgãos competentes do partido a se posicionar, a decidir sobre a vida interna do partido”, destacou Pereira.
O líder do PAIGC notou ainda que ficou o compromisso de que aqueles dirigentes poderão expor as suas opiniões nos órgãos a que pertencem no partido.
“Qualquer militante, sobretudo se for dirigente, tem o direito de apresentar a sua visão sobre a vida do partido, mas é convidado a ir ao órgão a que pertence e falar aí de forma livre, mas também estar preparado para aceitar a decisão que for tomada”, precisou Domingos Simões Pereira.
Sobre se é candidato às próximas eleições presidenciais, ainda sem data marcada, Simões Pereira frisou que essa decisão será tomada pelo Comité Central do PAIGC de quem é, neste momento, cabeça-de-lista às legislativas, disse.
Em nome dos subscritores da carta de pedido de clarificação de Simões Pereira, Carlos Pinto Pereira enalteceu o espírito do diálogo observado na reunião de hoje e adiantou que o processo irá continuar ao nível da próxima reunião da Comissão Permanente do ‘bureau’ político, ainda sem data.
A Semana com Lusa
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