O presidente do PAICV, Francisco Carvalho, garantiu hoje que o seu partido está “sereno e tranquilo” porque “não elaborou nenhum manual de instruções” para atacar o Governo e desafiou o MpD a provar as “denúncias falsas”.
“O que deveríamos estar a discutir é o Cabo Verde do futuro. Um país sem miséria, com saúde pública de acesso universal e qualidade, com oportunidades reais de formação e trabalho, com garantia dos cuidados essenciais para a infância e também para os mais velhos, que são as raízes da nossa cultura, além de uma mobilidade garantida sem que a falta de infraestruturas continue a limitar o direito de ir e vir e o desenvolvimento das nossas ilhas”, criticou.
O líder do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição) falava em conferência de imprensa, em reação às declarações do Movimento para a Democracia (MpD, poder) segundo as quais o PAICV “está a orquestrar operação digital e comunicacional de guerra suja” para aceder ao poder em 2026.
“Assistimos com grande preocupação ao apresentarem um suposto manual atribuído ao PAICV com alegadas instruções para ataques, desinformação e intimidação, o que simplesmente não existe. Tanto não existe que o que foi apresentado chega a ser infantil, se não fosse tão grave”, considerou.
Afirmou que o documento que está a circular nas redes sociais é uma imagem de ecrã, “um texto sem autor, sem remetente, sem validação oficial, sem assinatura, sem prova e sem nada”.
“Estamos a ver em várias partes do mundo os efeitos destrutivos de atitudes como essa, que dividem, inflamam e corroem as bases da democracia. E não podemos permitir que esse mal se instale também aqui em Cabo Verde. Senhor secretário-geral do MpD, este país construiu com muito esforço uma democracia respeitada e da qual nos orgulhamos”, declarou o líder do maior partido da oposição.
Francisco Carvalho apontou como grave o conteúdo apresentado pelo MpD e acusou o mesmo de “tentativa clara de transformar essa falsidade em facto político”, criando “desconfiança, alimentando o confronto e afastando o debate dos verdadeiros problemas” que afectam o Estado de Direito.
“O cabo-verdiano está desafiado a olhar para as mentiras que vêm para o espaço público, analisar as mentiras e não as tomar logo à partida como facto. Deve ser inaceitável a circulação de um e-mail sem remetente, sem qualquer ligação oficial a um partido político. Eu defendo isto, não é somente para o PAICV, mas para todos os partidos, em Cabo Verde e em toda a parte do mundo”, acrescentou.
A mesma fonte disse estranhar o facto de o MpD não ter accionado as instâncias judiciais para apresentar queixa contra o PAICV para a verificação dos factos, acusando o mesmo de trazer para o espaço público um assunto com a “intenção de corroer a democracia” que vem sendo construída.
“Estamos tranquilos e sabemos que não vai colocar no tribunal porque o e-mail não existe. Estamos serenos e tranquilos porque sabemos que esse e-mail não existe. Estamos em paz com a nossa consciência. Aliás, atribuir a este PAICV aquele e-mail tão básico, primário, é uma grande falta de respeito, de consideração pela capacidade estratégica de planeamento deste partido”, afirmou.
Carvalho frisou ainda que, ao invés do MpD “estar a ocupar o tempo do povo e o espaço dos meios de comunicação com acusações falsas e discursos de divisão”, deveria explicar porque após tantos anos de governação do MpD, Cabo Verde ainda carece das políticas públicas mais básicas.
“O que deveríamos estar a discutir é o Cabo Verde do futuro. Um país sem miséria, com saúde pública de acesso universal e qualidade, com oportunidades reais de formação e trabalho, com garantia dos cuidados essenciais para a infância e também para os mais velhos, que são as raízes da nossa cultura, além de uma mobilidade garantida sem que a falta de infraestruturas continue a limitar o direito de ir e vir e o desenvolvimento das nossas ilhas”, criticou.
Realçou, por lado, que o PAICV está comprometido em continuar a trabalhar na defesa e consolidação da democracia cabo-verdiana e que se apresenta perante os cabo-verdianos com toda a verdade e transparência.
“É por acreditar na política como instrumento transformador que o PAICV segue firme nos seus propósitos e à leviandade, adeptos do custo do que custar, cabe-lhes provar as suas denúncias vazias para que não se banalize e não se legitime a calúnia e a difamação como ferramentas de destruição da democracia (…) O MpD é desafiado a colocar na rua as informações que tiver”, desafiou.
A Semana com Inforpress
Deixem-se de Tretas: Cabo Verde Merece Política a Sério
Chega de tretas. A sério. Este teatrinho de acusações sobre “manuais secretos”, “estratégias de guerra suja” e “e-mails sem remetente” é uma vergonha para qualquer país que se queira levar a sério — e Cabo Verde não merece este circo político em loop.Todos sabemos, e é voz corrente entre os próprios militantes de base, que todos os partidos seguem uma cartilha. Pode não estar impressa em papel timbrado, mas há directrizes, há grupos de WhatsApp com ordens, há planos de ataque nas redes sociais e há alinhamentos bem orquestrados. Uns chamam “manual”, outros chamam “orientação de comunicação”, mas o nome é o que menos importa. O povo já percebeu o jogo.
🛑 Portanto, parem com esta dança de indignações fabricadas e com essa mania de fazer-se de virgens ofendidas.
🛑 Parem de manipular a opinião pública com fantasmas criados para desviar o foco daquilo que realmente importa.
O que deveriam estar a discutir:
Porque é que os hospitais estão sem médicos e com listas de espera intermináveis?
Porque é que as ilhas continuam tão desconectadas entre si, como se estivéssemos em pleno século XIX?
Porque é que o desemprego jovem continua a subir, apesar de tanto palavreado sobre “empreende dorismo”?
Porque é que ainda não se vê uma estratégia clara para a mobilidade, habitação e cuidados aos idosos?
Porque é que o sistema de educação pública está a ficar atrás até de países vizinhos com menos recursos?
Enquanto os partidos se entretenham a lançar lama uns aos outros, o país continua a estagnar, e os jovens a emigrar com um bilhete só de ida. O povo já não tem paciência para acusações vazias — querem propostas sólidas, soluções realistas e, acima de tudo, ver trabalho feito.
Portanto, deixem-se de joguinhos. Sentem-se à mesa e comecem a falar de Cabo Verde a sério. Ou então saiam da frente — que o povo há-de encontrar quem fale.
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