O candidato a presidente do governo regional da Catalunha, Salvador Illa, pediu esta quarta-feira "a aplicação ágil, rápida e sem subterfúgios" da lei de amnistia para separatistas da região, no arranque da sessão parlamentar para ser investido no cargo.
“A Catalunha deve olhar para a frente, não pode perder tempo, deve contar com todos”, disse Salvador Illa, que venceu as eleições regionais catalãs de 12 de maio e, se for hoje (08/08) investido presidente da Generalitat, terminará com 14 anos consecutivos de executivos separatistas nesta região espanhola.
No discurso em que apresentou o seu programa de governo aos deputados catalães, Salvador Illa prometeu “trabalhar para fazer possível o restabelecimento integral da totalidade dos direitos políticos de todas as cidadãos e de todos os cidadãos da Catalunha e de todas as formações políticas”.
Illa pediu, neste contexto, que a lei de amnistia aprovada pelo parlamento de Espanha e já em vigor seja aplicada pelos juízes.
“Com respeito pela divisão de poderes e pelo poder judicial, preço respeito pela esfera de decisão do poder legislativo, que manifestou de forma clara, explícita e inequívoca a sua vontade de normalização plena”, afirmou o líder do Partido Socialista da Catalunha (PSC, estrutura regional do Partido Socialista Operário Espanhol, PSOE, do primeiro-ministro Pedro Sánchez).
O parlamento catalão iniciou esta quarta-feira o plenário de investidura do novo governo regional, no dia em que o independentista Carles Puigdemont voltou a Espanha, após quase sete anos no estrangeiro para fugir à justiça do país.
Puigdemont continua a ser alvo de um mandado de detenção em território espanhol e conseguiu surgir hoje uma concentração de milhares de apoiantes no centro de Barcelona sem ser detido.
Depois de se ter dirigido à multidão e de a organização da concentração ter pedido pelos microfones para ser criado um corredor de apoiantes para acompanhar a marcha de Puigdemont até ao parlamento regional, o dirigente separatista desapareceu e desconhece-se neste momento o seu paradeiro.
Eleito deputado nas eleições catalãs de 12 de maio, Puigdemont tinha anunciado na quarta-feira que estaria na sessão parlamentar desta quarta-feira, mas o plenário arrancou e está a decorrer sem a sua presença.
A polícia tinha montado um perímetro de segurança em redor do parlamento, com uma barreira policial que Puigdemont teria de cruzar para aceder ao edifício, mas nunca chegou a esse local.
Os Mossos d’Esquadra (a polícia catalã) acionaram entretanto a “operação Jaula”, um dispositivo de segurança, com controlo de estradas, para tentar localizar Puigdemont e impedir que volte a sair para o estrangeiro, como aconteceu em 2017.
Nas breves palavras que dirigiu aos apoiantes que hoje o receberam em Barcelona, após quase sete anos no estrangeiro, Puigdemont condenou a “politização da justiça” espanhola, que lhe recusa a amnistia.
“Muitos pensam festejar hoje a minha detenção e pensarão que o escárnio nos dissuadirá, que vale a pena infringir uma lei aprovada pelo seu Parlamento por causa do escárnio. Mas estão enganados. E, com esse erro, vão mais uma vez arrastar a credibilidade da democracia espanhola”, afirmou.
Puigdemont lamentou a “repressão feroz” do movimento independentista catalão por parte das autoridades espanholas após a tentativa de autodeterminação de 2017, que protagonizou e na sequência da qual abandonou Espanha, sendo ainda hoje alvo de uma mandado de detenção.
“Vim aqui hoje para lembrar que ainda estamos aqui, porque não temos o direito de renunciar”, afirmou, depois de insistir em que todos os povos têm o direito à autodeterminação.
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