Um cidadão de Chã das Caldeiras mostra-se preocupado com a degradação ambiental da área protegida do Parque Natural do Fogo (PNF) devido à extracção de materiais para execução dos projectos governamentais.
lha do Fogo: Residente em Chã das Caldeiras diz-se preocupado com “degradação do ambiente”
Um cidadão de Chã das Caldeiras mostra-se preocupado com a degradação ambiental da área protegida do Parque Natural do Fogo (PNF) devido à extracção de materiais para execução dos projectos governamentais.
Danilo Fontes, um dos habitantes de Chã das Caldeiras e que tem usado quer as redes sociais como a comunicação social para denunciar os problemas que afectam a comunidade disse que “por mais estranho que pareça é o próprio Governo o mais prevaricador do que os habitantes”, tendo dois projectos em execução que estão a dar “sinais devastadores de carácter irreversíveis”, a aldeia de Bangaeira e a estrada entre Cova Tina e Bangaeira.
A estes projectos, referiu aquele morador de Chã das Caldeiras, acrescenta a “ausência de poder e de ordem” reinante desde a última erupção vulcânica de 23 de Novembro de 2014, sublinhando que a situação é do conhecimento da população que não denuncia “com medo de represálias”.
Em conversa com a Inforpress apontou a extracção de pedras para calcetamento e de jorra que está “a destruir algumas paisagens” da Caldeira, assim como a construção do assentamento sob as lavas que destruíram a localidade de Bangaeira, que segundo o mesmo deveria ser preservado dado o seu valor.
Com relação ao Parque Natural do Fogo, cuja sede foi transferida desde início do ano para Chã das Caldeiras, este questiona quem é o coordenador desta instituição já que a mesma assiste “com tranquilidade à devastação”, assim como a edilidade de Santa Catarina que, na perspectiva de Danilo Fontes, não tem estado a fiscalizar as obras.
Várias pessoas de Chã das Caldeiras e de outros sítios, nomeadamente da Cidade de São Filipe que se deslocam com regularidade a esta localidade, algumas com conhecimento técnico no domínio do ambiente, mostram-se preocupados com a degradação da paisagem, a inexistência do estudo de impacto ambiental do projecto da rede viária e a própria fiscalização dos trabalhos.
O professor e activista cultural, Fausto do Rosário, que há uma semana esteve na Caldeira, mostra-se solidário com a preocupação da população de Chã das Caldeiras, afirmando que “não obstante leigo no assunto”, disse não ter gostado do viu, sobretudo, assinalou, da “evidente destruição de formações de inegável beleza e, quiçá, interesse científico”.
“A paisagem vulcânica de Chã não se resume ao vulcão ou às crateras das duas últimas erupções. O majestoso paredão da antiga cratera, as escoadas lávicas e as intromissões fonolíticas/piroclásticas não podem ser deixadas de lado. Se depois da intervenção humanizadora tiverem desaparecido, mais valeria que nada tivesse sido feito”, concretizou Fausto do Rosário.
O presidente da Câmara Municipal de Santa Catarina do Fogo, Alberto Nunes, que tem jurisdição sobre o território de Chã das Caldeiras, questionado sobre esta matéria disse tratar-se de preocupação de uma pessoa e não da população de Chã.
Mesmo assim esclareceu que a autarquia tem estado a acompanhar “no terreno” a execução da obra e que mensalmente é realizado um encontro para análise dos trabalhos com os intervenientes, nomeadamente o Ministério das Infra-estruturas, o M_EIA, que está em Chã das Caldeiras, e o empreiteiro.
“Foi identificado local apropriado para extracção de materiais (jorra e pedras para o calcetamento) que estão a ser utilizados no local”, afirmou Alberto Nunes, para quem o problema que se tem colocado com o ambiente é “muitas vezes para a busca de protagonismo e não para defender o meio ambiente”.
Câmara esclarece
O edil disse lamentar a “atitude contraditória de Danilo Fontes”, porque segundo explicou “se a câmara toma medidas com as pessoas de Chã, como fez na semana passada em que mandou embargar duas obras sem licenciamento, chama-se de perseguição”.
O autarca salientou que existe um plano em execução e quando as pessoas estão a construir sem licenças a câmara envia fiscais ou polícias para embargar obras é considerado perseguição, acrescentando que “não há coerência porque se tomamos medidas com construção ilegal, é perseguição, se for feito algo que ainda não é do nosso conhecimento considera que não é necessária a presença de câmara”.
Alberto Nunes disse que ocorreu um conflito entre duas pessoas da Chã em relação a construção e que apesar de ter mandado embargar a obra, as pessoas continuaram com o trabalho, e algumas obras são feitas no final de semana.
“Já avisamos a população para não construir de forma ilegal porque uma das saídas pode ser a demolição, que pode ser considerado pela população como perseguição. Foram avisados de que temos um plano e não é permitido construir sem licença”, disse o edil, observando que continuam a construir.
No caso das construções ilegais, Aberto Nunes afirma que devem legalizar a construção, se possível, indicando que já se fez o levantamento e identificação das redes viária, água e de electricidade, e as construções podem ocupar lugares já identificados para este tipo de intervenção, e neste caso será demolido.
Com relação ao “deficiente funcionamento” do Parque Natural do Fogo, cuja sede passa “maior parte do tempo fechada”, já que não dispõe de água, energia e os funcionários não têm neste momento viatura para deslocação diária, a Inforpress contactou o delegado do Ministério da Agricultura e Ambiente, Jaime Ledo, que recusou prestar esclarecimentos sobre a situação. A Semana/Inforpress
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