quarta-feira, 25 junho 2025

Pesca de tubarões em Cabo Verde : Biólogos e pessoas da sociedade insurgem-se através de depoimentos contra o acordo em negociação na Bruxelas

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O Governo de Cabo Verde estará, próxima semana em Bruxelas, na segunda ronda de negociações para a assinatura do já « malfadado acordo de pescas que produz capturas colossais de tubarões nas nossas águas».

Um grupo liderado pelo biólogo e professor universitário Rui Freitas, que integra mais sete biólogos e mergulhadores profissionais, remeteu, ao Asemanaonline, os seus depoimentos, informando que existem várias frentes de combate para que esse acordo e pesca dos tubarões sejam banidos da nossa ZEE - Zona Económica Exclusiva. Confira, a seguir, o documento, cujo conteúdo (depoimentos) pode ser também consultado na página https://web.facebook.com/groups/327865937287205/, pertencente ao grupo denominado Movimento Contra a Poluição em Cabo Verde.

Pescaria de Tubarões na ZEE de Cabo Verde

Quem controla quem? «Mataram» Top-Dpwin Control?

Depoimentos de Técnicos e Membros da Sociedade Civil

Rui Freitas (biólogo marinho e professor):

Hoje não tenho dúvidas que a falta do tubarão nas águas oceânicas de Cabo Verde veio trazer desgraça directamente ao nosso povo. Tubarões, os patrulhadores e controladores, que enroscavam a cavala à costa (top-down control), deixaram de o fazer devido à sua diminuição e, como consequência, está claro que as cavalas migraram para oceano aberto adentro, tornando-a escassa e tornando insustentável a pesca artesanal nacional costeira. A quem se deve esta culpa? Será ainda possível voltarmos atrás? Naturalmente, alguns gestores das pescas culpam intencionalmente as mudanças climáticas, pudera!!! Sem dúvidas sofremos hoje essa desgraça provocada pela pesca contínua dos tubarões e atuns na nossa ZEE, como parte do grande ecossistema marinho do Atlântico tropical de Este, toda ela sufocada e depredada.

Tommy Melo (biólogo marinho e gestor ambiental):

Hoje em dia já ninguém consegue se esconder atrás das "mentiras" de políticos e multinacionais que só querem encher o bolso mesmo que deixando à míngua populações humanas. As evidências de sobrepesca são gigantescas e distribuídas por todos os mares e oceanos. As capturas de há 30 anos atrás não se comparam em tonelagem nem em tamanho de espécimes com as dos dias de hoje (mesmo com um aumento exponencial do esforço de pesca e da tecnologia empregue). Já que os estudos e opiniões de "Gentes que sim, sabem da matéria" são tão divergentes, o mínimo que este governo poderia fazer era seguir o princípio da precaução adoptado por Nações bem mais experientes e ponderadas.

Edita Magileviciute (bióloga marinha e educadora ambiental):

Centenas de cientistas e praticantes em todo o mundo concordam que o princípio da precaução é essencial para impactar ainda mais as populações de tubarões no século XXI. A informação sobre o esgotamento do stock de tubarões azuis actualmente disponível em Cabo Verde está fragmentada e com elevado grau de incerteza. Portanto, até que os dados robustos sobre a abundância relativa estejam disponíveis, a monitorização adicional da saúde da população de tubarões-azuis, mas não o aumento nas cotas de captura, é a única estratégia razoável se o país estiver interessado em manter um dos recursos naturais mais valiosos.

Zeddy Seymour (biólogo marinho, MarAlliance Cabo Verde):

A maioria dos tubarões azuis capturados nos últimos anos na ZEE de Cabo Verde foi através das pescarias de atum e espadarte. Devemos então reconhecer que uma pescaria que utiliza palangres pelágicos não pode basear a sua gestão na apanha e a ecologia de apenas uma espécie. Isso, independente das preocupações dos dados científicos – uma vez que o nível da abundância absoluta variou por uma ordem de magnitude (entre os modelos com diferentes estruturas). Ademais, tais técnicas sem selectividade levantam outras preocupações sobre a sustentabilidade devido ao envolvimento de outras espécies para as quais os estoques são ainda mais incertos (nomeadamente Isurus oxyrinchus), bem como espécies protegidas nacionalmente, tais como Alopiidae spp. e Sphyrnidae spp. Precisamos assumir controlo de nossas pescarias, sim, mas não ao custo da sustentabilidade e ao prejuízo da pesca artesanal.

Emmanuel D’Oliveira (mergulhador técnico e instrutor de mergulho):

cientificamente, uma pessoa só está morta quando assim afirma o médico. Nos meus mergulhos quotidianos não tenho visto tubarões nos mesmos sítios que os via nas aguas do Tarrafal de Santiago há alguns anos. Essa dica não serve para inquérito, posterior tratamento estatístico e conclusão científica?

João Sá Pinto (mergulhador profissional e da fotografia marinha):

Comecei a mergulhar em Cabo Verde desde Março de 1983, em mais de 70% dos mergulhos via tubarões de várias espécies. De 2008 até à data actual (10 anos) não vi meia centena deles. Actualmente passam-se meses sem ver nenhum, por isso alguma coisa se passa e não acredito que tenham emigrado.

António Garcias (mergulhador avançado e instrutor de mergulho):

O mesmo se passa comigo, que mergulho diariamente e desde 2009 nas antigamente muito ricas águas da Ilha de Santo Antão, onde Tubarões é praticamente coisa do passado....

Edmar Gomes (mergulhador profissional caça submarina):

Durante um ano de mergulho não vi mais que 5 tubarões, caçando no azul também em grandes bancos como Noroeste. Por isso digo que estão em extinção. Mesmo fazendo sangue na água colocando pedaços de peixe isco mesmo assim nada de tubarão.

Rui Freitas 


(Porta-voz do Grupo)

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